[Resenha] O Ladrão de Crianças - Brom





Sinopse

Gerald Brom traz a clássica lenda do Peter Pan para os tempos atuais adicionando grandes doses de sadismo e fantasia. Aqui, Peter é um garoto meio humano, meio qualquer outra coisa, que sequestra jovens pelas ruas de Nova York prometendo-lhes um paraíso sem adultos ou quaisquer regras. Mas, na realidade, eles nem imaginam que quem os esperam são os monstros e os mistérios da ilha de Avalon, onde é preciso ter muito sangue frio para sobreviver. Com ilustrações do próprio autor, O ladrão de crianças é um romance de fantasia obscura que ao mesmo tempo encanta e assombra aqueles que seguem Peter em sua viagem sangrenta e delirante.




Peter Pan sempre foi um conto que eu adorei, me encanta ver as crianças voando, lutando e sendo dona de seus próprios narizes. Era muito divertido. Ler esse livro – recomendado por uma amiga muito querida – me fez lembrar daqueles pontos naquela história que sempre estavam lá, sempre obscurecidos pela fantasia e pela magia, mas deixando-se sempre ser subentendido.


Crianças sendo sequestradas de suas famílias, com promessas de um mundo sem adultos, sem ordens e com a liberdade que com certeza toda criança quer ter. As lutas viraram mortíferas e sangrentas, com sangue e mortes. Foi como se esse mundo fosse sendo distorcido aos poucos pelas palavras de Brom, deixando transparecer que mesmo com toda a fantasia, como esse conto é cruel e brutal.



No começo foi difícil eu gostar do livro. Seria mais uma daquelas histórias fortes e que eu adoro, se não pegasse em um conto que eu relutei em largar a visão doce de infância que eu tinha, e ser jogada nessa versão nua e crua. A Terra do Nunca se chama Avalon, e como a lenda, é protegida pela bruma. Não se consegue acha-la, a menos que você seja uma criança, e que Peter o guie para o outro lado. Lá, as crianças são todas vítimas da violência humana, abandonadas, violentadas, espancadas, abusadas de forma que ninguém deveria ser, quanto mais uma criança. É claro que ao ter a proposta de viver em um mundo livre desses adultos é um sonho para elas, que seguem seu salvador, Peter, a esse novo mundo.




Ainda existem fadas, existem bruxas, monstros, ogros, elfos, e todo o tipo de criatura mágica. E eles se encontram no meio de uma guerra para poder salvar Avalon, que está ameaçada pelos Comedores de Carne.

Foi espantoso ver esse desenho colorido que eu tinha da minha infância ganhar novos tons mais marcantes de violência, sadismo, preconceito, sacrifício, morte, sobrevivência. O autor soube usar essa história e deixar esse conto macabro, mas ainda assim, com aquele toque de mágica. As cenas que eles escreve são tão reais, eu conseguia imaginá-las passando pela minha mente como um filme. E as ilustrações dele completam essa obra maravilhosa. São magníficas!!




Então, a história em si é muito bem feita, foi recriada um novo mito ali. Mas tocar no Peter Pan, que sem dúvidas é um dos meus amores de infância foi uma coisa que mexeu muito comigo, por isso eu posso não ter apreciado tanto quanto eu gostaria.


Nota:



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